Saturday, March 29, 2008
We few, we happy few, we band of brothers;
For he to-day that sheds his blood with me
Shall be my brother; be he ne'er so vile,
This day shall gentle his condition;
And gentlemen in England now-a-bed
Shall think themselves accurs'd they were not here,
And hold their manhoods cheap whiles any speaks
That fought with us upon Saint Crispin's day.
- William Shakespeare ("King Henry V")
Tuesday, March 25, 2008
Outsourcing
Muitas empresas chegaram à mesma conclusão. Sabem que é uma perda de tempo dar aos seus próprios funcionários empavonados tarefas importantes para fazer. Mais vale confiar essas funções a pessoas que têm em mente os nossos interesses (ou seja, completos estranhos). Eis o conceito por trás da “subcontratação”.»
- DILBERT (Scott Adams)
Friday, March 21, 2008
Gestão do Tempo

Esta manhã, quando cheguei ao trabalho, cerca das 9:30, já tinha até esse momento (desde que alcei o corpinho da cama) vistoriado remotamente os file systems, os logs e as estatísticas do MMSC, nadado dois quilómetros na piscina, vestido, alimentado e transportado os miúdos à escola.
Portanto de cada vez que me vêem com essas tretas da Gestão do Tempo lembro-me logo do livro «Getting Even» do Woody Allen e do texto «Spring Bulletin»:
«The number of college bulletins and adult-education come-ons that keep turning up in my mailbox convinces me that I must be on a special mailing list for dropouts (…) So far, however I am still an uneducated, unextended adult, and I have fallen into the habit of browsing through an imaginary, handsomely printed course bulletin that is more or less typical of them all: (…)
Rapid Reading:
This course will increase reading speed a little each day until the end of the term, by which time the student will be required to read The Brothers Karamazov in fifteen minutes. The method is to scan the page and eliminate everything except pronouns from one’s field of vision. Soon the pronouns are eliminated. Gradually the student is encouraged to nap. A frog is dissected. Spring comes. People marry and die. Pinkerton does not return.»
Friday, March 7, 2008
Que vergonha, rapazes!
caídos na cerveja ou no uísque,
a enrolar a conversa no «diz que»
e a desnalgar a fêmea («Vist'? Viii!»)
Que miséria, meus filhos! Tão sem jeito
é esta videirunha à portuguesa,
que às vezes me soergo no meu leito
e vejo entrar a quarta invasão francesa.
Desejo recalcado, com certeza...
Mas logo desço à rua, encontro o Roque
(«O Roque abre-lhe a porta, nunca toque!»)
e desabafo:- Ó Roque, com franqueza:
Você nunca quis ver outros países?
- Bem queria, Sr. O'Neill! E... as varizes?
Alexandre O'Neill
Portugal, Hoje: o Medo de Existir

«Nada acontece, quer dizer, nada se inscreve – na história ou na existência individual, na vida social ou no plano artístico.
(…) Se, num certo sentido, se disse até há pouco (hoje diz-se menos) que “nada mudou” apesar das liberdades conquistadas, é porque muito se herdou e se mantém das antigas inércias e mentalidades da época da ditadura: desde o medo, que sobrevive com outras formas, à “irresponsabilidade” que predomina ainda nos comportamentos dos portugueses.
(…) Como é isto possível? É possível porque as consciências vivem no nevoeiro.
(…) Refiro-me ao medo, à passividade, à aceitação sem revolta do que o poder propõe ao povo. Como se, tal como antigamente, a força de indignação, a reacção ao que tantas vezes aparece como intolerável, escandaloso, infame na sociedade portuguesa (tolerado, aceite, querido talvez pela maneira como as leis e as regras democráticas se concretizam na sociedade, quer dizer no húmus das relações humanas), se voltasse para dentro num queixume infindável quanto à “república das bananas” ou “a trampa” que decididamente constituiria a essência eterna de Portugal, em vez de se exteriorizar em acção.
(…) Numa palavra, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico – que só nasce quando o interesse da comunidade prevalece sobre o dos grupos e das pessoas privadas.
(…) O medo herda-se. Porque interiorizado, mais inconsciente do que consciente, acaba por fazer parte do “carácter dos portugueses”.
(…) O medo é uma estratégia para nada inscrever. Constitui-se antes de mais como medo de inscrever, quer dizer, de existir, de afrontar as forças do mundo desencadeando as suas próprias forças da vida. Medo de agir, de tomar decisões diferentes da norma vigente, medo de amar, de criar, de viver. Medo de arriscar.
(…) Ninguém se julga capaz, toda a gente se sente inferior à norma ideal de competência. O que não deixa de ser, em inúmeros casos, real, mas que contribui também para que a incompetência aumente por falta de audácia, de coragem, de capacidade de se reconhecer o que se é. (…) A maioria dos esforços vão no sentido de se manter essa mascara, em vez de investir no desenvolvimento da inovação.»
Portugal, Hoje: o Medo de Existir
Gil, Jose
21º volume da colecção: Argumentos
Editor: Relogio d'Agua
Nº Edição: 5
Ano de edição: 2005
Local de edição: Lisboa
Número de páginas: 142
ISBN: 972-708-817-1